sábado, 29 de novembro de 2014

Parabéns! Parabéns!

Hoje é seu ano, que ano mais feli-iz!

Neste ano nosso conterrâneo, Alberto Nepomuceno (1864-1920), fez 150 aninhos! Como ele está, cada vez mais, desaparecendo do repertório, acho que vale a pena ouvirmos algumas coisas desse compositor que, se não é o melhor do mundo, também não merece sumir completamente, tadinho. Alguém que era amigo do Olavo Bilac, Machado de Assis, Claude Debussy, Camile Saint-Säens, que escreveu a primeira ópera brasileira com cara de coisa brasileira, em português (O Garatuja, baseada na obra do José de Alencar), que editou muitas obras do padre José Maurício, e que ajudou o Villa-Lobos no início de sua carreira, deve ter algumas qualidades!

E, olha que interessante!: ele era professor de piano (claro... alguém tão bonzinho só podia dar aula de piano!) no Rio de Janeiro, no Clube Beethoven, onde nosso (e dele) amigo Machado de Assis era bibliotecário. Ah, ele era cearense, criado em Fortaleza e Recife, indo para o Rio já adulto.

Então, vamos começar ouvindo a ópera daí de cima, em sua versão integral:

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... que, claro, não existe. Seria pedir demais que o Brasil se preocupasse mais com O Garatuja do que com a Tosca... Contentar-nos-emos (que chique!) com o Prelúdio da ópera, que, aliás, não convence muito, mas vale pela tentativa de colocar em cena ritmos mais "populares":


Mas, como sempre, estou reclamando demais! O Theatro São Pedro, em São Paulo (que agora se tornou meu teatro e orquestra favoritos, só por conta disso), apresentou outra de suas óperas (curtinha, em um ato) - Ártemis, com libreto do Coelho Neto - este ano, justamente para comemorar o níver do Beto:


Adorei! Parabéns a todos que se dispuseram a ressussitar esta obra! Só faltou ter o vídeo inteiro no YT; novamente tivemos que nos contentar apenas com a abertura...

Um pouco menos desaparecida do repertório é sua Serenata para Cordas:


Também tem as Seis Valsas Humorísticas, para piano e orquestra, que eu adoro:


E a Suíte Antiga, para piano, lindíssima:


Outra obra sua que adoro é a linda (na minha opinião, claro) canção "Cantilena":


O poema é este aqui, mas não consegui descobrir seu autor em lugar algum:

Dormi, dormi tranqüilamente,
Aconchegado ao meu amor.
Tendes no colo um ninho quente
Onde achareis sempre calor.
Silve, rebrame o vento agreste
Que muda em neve a água do rio.
Mais pode o amor do que o nordeste
Que traz dos montes tanto frio.
Meu coração arde e se inflama
Para aquecer-vos meu Senhor
Não há calor como o da chama
Que nasce esplêndida do amor
Géa, que importa? A noite é alta.
O vento geme e uiva a torrente.
Junto de mim nada vos falta,
Dormi, dormi, tranqüilamente

Se você quiser chorar um pouquinho, ouça também a canção "Coração Triste", com poema do Machado de Assis:



No arvoredo sussurra o vendaval do outono
Deita as folhas à terra, onde não há florir
E eu contemplo sem pena esse triste abandono
Só eu as vi nascer, vejo-as só eu cair
Como a escura montanha, esguia e pavorosa
Faz, quando o sol descamba, o vale enoitecer
Esta montanha da alma, a tristeza amorosa
Também de ignota sombra enche todo o meu ser
Transforma o frio inverno a água em pedra dura
Mas torna a pedra em água um raio de verão
Vem, ó sol, vem, assume o trono teu na altura
Vê se podes fundir o meu triste coração

Linda!

Seus quartetos também merecem sobreviver, principalmente (na minha opinião, de novo...) o Quarteto de Cordas nº 3, em ré menor, "Brasileiro":



Sua Sinfonia em sol menor também o merece:


Para terminarmos, aquela que, atualmente é sua obra mais conhecida, a Série Brasileira, para orquestra:


E, se alguém quiser saber  mais sobre ele, um documentário da TV Assembleia do Ceará, em três partes:




No ano que vem tem mais, quando comemoraremos os cem anos de nascimento do Sviatoslav Richter.

Feliz aniversário, Alberto!

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