sábado, 26 de outubro de 2013

E o que diria a juventude?

Poizé... Muita gente, quando pensa em música clássica, imagina um bando de senhores vetustos, como estes compositores aqui:

Beethoven 


Wagner


Béla Bartók 


Verdi


Ravel


Monteverdi

Fica parecendo que todo compositor da música clássica nasceu com pelo menos 50 anos, ou que só a partir dessa idade é que decidiram mudar de vida: "Pronto, já tá na hora de começar a escrever música clássica, pois estou ficando velho demais pra tocar rock!"

Dificilmente imaginamos estes compositores aqui:

Beethoven


Wagner


Bartók


Verdi


Ravel


Monteverdi

Esquece-se (isso é feio demais!), por exemplo, que nosso primeiro "velhinho" da lista daí de cima, Beethoven, compôs seu primeiro concerto para piano entre os 17 e 19 anos de idade (é o Concerto nº 2, apesar de ter sido composto antes do Concerto nº 1, como eu já disse aqui):


Nosso segundo "velhinho", Wagner, compôs sua Sinfonia nº 1, em dó maior, que aliás é linda!, quando tinha 21 anos (Quem diria! Wagner não começou direto com ópera! A grande maioria das obras antes de ele completar sua primeira ópera, Rienzi, é para piano ou orquestra) :


Bartók já era um compositor "maduro" aos 27 anos, quando ele dá início à fantástica, maravilhosa, impressionante série de quartetos de cordas. Ele é um dos poucos que não passam vergonha na comparação com os grandes mestres do quarteto, Haydn, Mozart e Beethoven. O primeiro movimento do Quarteto de cordas nº 1 já é uma amostra do que Bartók era capaz de fazer:


A gente realmente se esquece que a competência (ou falta de) não é prerrogativa de nenhuma idade. O Albert Einstein publicou sua Teoria especial da gravidade com 26 anos de idade! Viu? Ele não era um velhinho de cabelos desgrenhados, mostrando a língua para o mundo.


Mas, voltando à "música clássica jovem": nosso quarto convidado, Verdi, também apresenta sua primeira ópera, Oberto, no Teatro alla Scala, de Milão, à idade de 27 anos. A ópera fez logo sucesso, rendendo-lhe uma encomenda para escrever em seguida mais duas óperas para aquele teatro:


E, já que 27 anos parece ser uma idade mágica (nem me lembro se era mesmo...) para os compositores, vamos para mais uma "musiquinha" de outro "velhinho" de 27 anos, nosso quinto convidado, Ravel, com sua Pavane pour une infante défunte. Ninguém imagina que isso foi composto por alguém tão jovem:


Outro fruto dos 27 anos é o Scherzo nº 2, em si bemol menor, Op. 31, do Chopin (que a essa altura também já era um compositor consagrado). Aproveitando a deixa, vamos "ouver" um vídeo desse Scherzo tocado pelo Nelson Freire, que também não foi sempre um "velhinho" de barbas brancas! Por falar nisso: Credo! Essa gravação é linda demais! Não sei como o piano não pegou fogo! Como disse um dos "comentaristas" desse vídeo, no Iútúbi: "Quem deu 'dislike' nesse vídeo tem sérios distúrbios mentais e ausência de uma alma":


Meu herói (um deles), Monteverdi, também tinha pouco mais de 20 anos quando publicou seu Primeiro livro de madrigais. Ele também já estava pronto, como dá para notar no madrigal "Si pur non mi consenti", parte desse Primeiro livro:


E esses são os compositores "normais", que "viraram" compositores numa idade "normal"! Mas temos os gênios precoces, também, que ainda eram adolescentes quando começaram a compor músicas que todo mundo jura serem obras de velhinhos.

Comecemos, portanto, com Sergei Prokofiev e seu Concerto para Piano nº 1, em ré bemol maior, Op. 10, composto na "idade limítrofe" de 20 anos:


Schubert era ainda "pior" que Prokofiev. "Erlkönig", com poema de Goethe, é uma canção da época em que o "inominável" Schubert estava tirando ainda a carteira de motorista (18 anos). Vamos ouvi-la numa versão da também "inominável" Jessye Norman (acompanhada pelo "inominável" Phillip Moll ao piano - qualquer um que consegue tocar essa música sem o braço direito cair merece um prêmio!):


Outro adolescente prodigioso foi Mendelssohn. Sua Abertura para Sonhos de Uma Noite de Verão foi composta quando ele tinha 17 anos! Dá para acreditar?:


E, já que estamos falando de precocidade, vamos partir logo para a ignorância e "ouver" um dueto da ópera Apollo et Hyacinthus, do "velhinho" (então com 11 anos de idade), Mozart, :


Enfim... Daria facilmente para passarmos a vida inteira ouvindo música clássica composta apenas por gente com menos de 30 anos! Está errado, portanto, quem pensa que música clássica é coisa de velho! Aliás, é mais ou menos o mesmo preconceito que se tem com relação ao rock (só que ao contrário): basta vermos Rita Lee ou Mick Jagger para sabermos que também não é coisa só de jovens!

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