sexta-feira, 19 de julho de 2013

Para quem gosta de coisas grandes: a tuba

Já pensou se todo mundo tocasse violino?

Desvantagens:

- Uma orquestra ficaria auditiva e visualmente muito sem-graça;
 

 - A clave de fá nunca teria sido inventada;

- O mundo pareceria uma "plantação de pernilongo", num zumbido agudo sem trégua;

- A humanidade toda teria marcas roxas no pescoço:



Vantagem:

- Haveria bem menos pianistas.


Já que, felizmente, não existem apenas violinos, me deu vontade de ouvir música para instrumentos (escolha sua opção favorita):

( ) menos populares;

( ) mais estranhos;

( ) meio esquisitos;

( ) que soam maravilhosamente bem na orquestra, mas que eu não sabia que era possível ouvir fazendo solos.


Portanto, comecemos pelo "um-pá-pá" de um dos moradores da região mais profunda da orquestra, e vejamos como a tuba é construída:


Impressionante, não é? Quase dá vontade de largar tudo e ir tocar tuba! Mas ela parece não ter um repertório muito extenso (ou muito conhecido), e relativamente poucos compositores se atrevem a enfrentar o desafio de escrever para um instrumento sem tantos recursos técnicos ou expressivos (que os "tubistas" me perdoem, ok?), e que consome um litro de ar para cada nota tocada.


A obra mais antiga que descobri foi uma Sonata em fá maior, do Benedetto Marcello (1686-1739), que deve ser ou uma transcrição para tuba, ou ter sido composta para algum ancestral desse instrumento, pois a tuba é um instrumento bem mais recente. Incrível!, eu sempre achei que na Idade do Bronze alguém já houvesse dito: "Oba, agora eu já posso fazer uma tuba!", mas, estranhamente, ela é um dos instrumentos mais recentes da orquestra, e parece ser uma bis-bis-bis-bisneta da serpente, um daqueles instrumentos dos quais ninguém jamais ouviu falar, e dos oficleides, que todo mundo conhece, claro!!!

                    Serpente                                                                   Oficleides
                                 

Mas se ela é tão recente (século XIX), faz sentido que grande parte do repertório solo desse instrumento seja de compositores do século XX.

E agora que aprendemos tudo sobre a tuba, vamos às musiquinhas:

A Sonata do Marcello:



Sonata para Tuba, do Paul Hindemith (1895-1963), que escreveu muitas sonatas para vários diferentes instrumentos de sopro:



Concertino para Tuba, de um compositor do qual eu nunca havia ouvido falar, Eugène Bozza (1905-1991). Quer saber? Gostei!:



E uma Sonata para Tuba, de Thomas Beversdorf (1924-1981) - só o primeiro movimento, aqui:


Confesso que descobri mais exemplos do que eu imaginava ser possível (preconceito meu, eu sei!), mas o grande repertório para esse e outros instrumentos da família dos metais (à exceção do repertório orquestral) é realmente aquele das bandas, onde a tuba está (quase) sempre presente. E, por falar nisso, gostaria de saber quem foi que decidiu que a tuba e seu primo muito próximo, o sousafone (esse aí embaixo), que pesam às vezes mais de 20kg, são instrumentos portáteis! Deve ser a mesma pessoa que colocou rodinhas num piano de cauda e resolveu que daria pra ser empurrado sem problema.


O americano John Philip Sousa (1854-1932) - de onde veio o nome sousafone - compôs "milhões" de marchas, algumas delas conhecidas no mundo inteiro (apesar de serem tipicamente americanas), como o famoso Washington Post March, tão conhecida que quase já virou folclore:


Exemplos de música para bandas não faltam, claro, mas o divertido mesmo são as bandas de blues e jazz, como a Tuba Skinny e sua música deliciosa:




A essa altura, porém, já não estamos mais falando de tuba, e acabamos entramos em outro assunto totalmente diferente. Portanto, ponto final.

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