Credo... Se continuar assim acho que vou levar um ano inteiro para terminar esse assunto... Também, quem me mandou inventar de mostrar exemplos de TODOS os séculos? Quem é que precisa disso? Enfim... Já que comecei, o jeito é terminar.
Senão, vejamos: Classicismo.
Acho (!) que todo mundo conhece Mozart e Beethoven; eles, portanto, estão proibidos de aparecer por aqui. Essas criaturas são tão espetaculares, mas tão espetaculares, que é difícil escapar delas quando se fala em Classicismo. Como estamos tratando, nestes posts, apenas da música vocal, é ainda mais complicado evitá-los! Quem é que consegue pensar em ópera desse período sem se lembrar imediatamente de Mozart? Ou pensar em música vocal sacra sem pensar nas missas e no Requiem do Mozart ou na Missa Solemnis do Beetho? Mas aproveitaremos que eles estão verboten e ouviremos coisas diferentes.
Um dos poucos compositores dessa época que ainda sobrevivem fora dos círculos de "especialistas" é o meu adorado Franz Joseph Haydn, uma das criaturas mais espetaculares, importantes e simpáticas que já existiram na música clássica. Mas até mesmo Haydn, hoje em dia, é mais falado do que escutado. Quem é que conhece bem suas sinfonias e seus quartetos de cordas, de onde Mozart e Beetho tiraram quase todas suas ideias?
Assim como Haydn, inúmeros outros compositores sofreram a mesma sorte. Esquece-se que Mozart e Beethoven representam o final desse período; eles acabaram com o Classicismo (no sentido de moer, de arrebentar, de f.... completamente o estilo, e depois deles o Classicismo não prestava pra mais nada!). O próprio Haydn, depois de conhecer Le Nozze di Figaro e Don Giovanni, recusou-se terminantemente a escrever outra ópera. Ele tinha total consciência de que era impossível competir com Mozart, e só volta à música vocal para compor seus oratórios A Criação e As Estações, um gênero no qual o Mozart nunca fez algo de importância.
Mas existe um carrada de compositores anteriores à "Dupla Dinâmica", que são os verdadeiros responsáveis pela existência do Classicismo: Haydn, principalmente, e mais o Carl Philipp Emanuel Bach, o Johann Christian Bach, Niccolò Jommelli, François-André Philidor, Antonio Soler, André Gréty, Giovanni Paisiello, Luigi Boccherini, Domenico Cimarosa, Luigi Cherubini, Johann Stamitz (junto com seus filhos Carl e Anton), Christoph Willibald Gluck, etc, etc, etc. Todos absolutamente famosos à época, e quase todos apenas verbetes de dicionários de música, atualmente. Há também aqueles que desapareçam inclusive da maioria dos dicionários: Henry-Joseph Rigel, Ferdinando Paër, Gaetano Brunetti, Joseph Leopold Eybler, Andrea Luchesi, Tommaso Traetta, Johann Albrechtsberger, Giovanni Battista Viotti, etc, etc, etc. Tadinhos...
Ainda bem que a cada dia, em algum lugar do mundo (à exceção de Brasília, claro), ressuscita-se parte deste repertório desaparecido. Ninguém aguenta mais ouvir eternamente as mesmas coisas! Tá certo que a Quinta Sinfonia do Beetho é linda, mas não é necessário ouvi-la 50 vezes ao vivo! E quem é que lê Os Miseráveis tantas vezes assim? Eu posso adorá-lo, mas também me divirto com Agatha Christie!
Então chega de falar e vamos ouvir alguns ilustres quase-desaparecidos, começando, como sempre, pela música sacra vocal, com o Requiem do Jotacê Bach:
Aqui, só o início
E aqui, ele completo
Mas eu não poderia deixar passar a chance de colocar a Missa in tempore belli, em dó maior, H. XVII:9, do Haydn, que eu adoro:
E agora, um dos totalmente desconhecidos, Henry-Joseph Rigel, com seu oratório A Destruição de Jericó:
E um dos brasileiros do chamado Barroco Mineiro - que na verdade pertence ao Classicismo - José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita, com o lindíssimo Kyrie da Missa em Fá Maior:
Já que entrei no assunto música brasileira, vamos aproveitar para ouvir outro "mineiro-vienense", o padre José Maurício Nunes Garcia, com seu (maravilhoso) Requiem mozartiano, numa (maravilhosa) interpretação da Orquestra Filarmônica de Helsink (Tá vendo? Brasília não presta nem para música brasileira! Até a Finlândia ganha de nós nesse quesito! Enquanto eles ouvem música brasileira em Helsink, aqui a gente sink to Hell...):
E agora eu fiquei bravo de novo. Não vou nem continuar com o assunto de hoje. Também já temos aí em cima algumas horas de música para nos ocupar por alguns dias, e depois voltaremos com a música vocal cubicularis e theatralis do Classicismo.
Bá-ái!
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