RÉPI NIU ÍAR!
Depois de mais um mês de "recesso", eis-me que ressurjo dentre as cinzas de 2013! Como demorei demais para reaparecer, chega de delongas.
Naquele dia eu acabei me perdendo no labirinto do meu próprio cérebro e não tivemos tempo de dar uma volta pelos últimos 8 séculos para descobrirmos alguns tesouros enterrados e mostrarmos aos "Estilistas" de plantão que todos os períodos prestam, se você souber procurar. Também tenho certeza de que todos os leitores deste Blog (os 3,5) estão ansiosos para passearem um pouco pela música clássica.
Pronto, já trombamos com o primeiro problema: o que é música clássica? Digo isso porque sua definição, como todo muito já deve imaginar, é praticamente impossível. Muitos já tentaram chegar a uma conclusão; e a conclusão a que chegaram é que cada um tem sua própria conclusão. Conclusão: nem vou tentar!
De qualquer forma, uma das "conclusões" (entre aspas mesmo) a que alguns deles chegaram é que música clássica, ou melhor, música de arte, é aquela que requer um esforço maior, por parte do ouvinte, que a música popular ou folclórica.
Tá vendo o que eu fiz??? Em pouco mais que duas linhas eu consegui botar fogo em qualquer discussão sobre música e dar material para pelo menos mais 800 anos de debates, discussões, brigas, desavenças, divórcios, e até mesmo alguns assassinatos. Essa definição, porém, não é bem o que se imagina: ela considera como "música de arte" também algumas formas que costumamos classificar como populares, como certos estilo de rock progressivo e jazz; e eu incluiria também muitas manifestações do folclore. Mas tentemos não entrar num labirinto sem saída e nos manter dentro da música clássica de tradição européia, para simplificar. E não estranhe por encontrar as palavras "clássica" e "popular" entre aspas, por aqui! É de propósito!
Agora que restringimos o foco, uma pergunta: canto gregoriano é música clássica? Ele não é de origem exatamente européia, apesar de ter se estabilizado por lá, por obra e graça da Igreja Católica. De qualquer modo, o canto gregoriano era música funcional, exclusivamente feita para uso da (e dentro da) Igreja. Apesar de lindo, não era "arte", e nem feito para ser desfrutado como uma forma de expressão estética. Era rito, e não arte, e não consigo nunca chegar a uma conclusão sobre quando o gregoriano deixa de ser apenas música e passa a ser música clássica.
Outra pergunta: a música dos trovadores é clássica ou não? Para mim ela é clássica, mas à época também era muito popular. Será que ela migrou de categoria com o tempo? Ou será que as categorias é que se deslocaram, sobre um fundo musical fixo, e ela acabou indo parar num quadradinho diferente? E será que tem diferença o que realmente aconteceu? Por falar nisso, a música dos troubadours, trouvères, minnesänger, menestréis ("tribos" diferentes de cantores mais ou menos itinerantes) também se origina diretamente do gregoriano!
E Johann Strauss? É clássico ou não?
E o Ernesto Nazaré?
E o Ernesto Nazaré?
Ou seja, façamos o que todo mundo faz quando escreve um livro sobre história da música "clássica": façamos de conta que todo mundo sabe o que essa expressão significa e entremos correndo na Máquina do Tempo, fugindo dos Morlocks da indefinição!
Hoje em dia é chique gostar de canto gregoriano e do repertório dos "cantores mais ou menos itinerantes", e são poucos os "estilistas" que se atrevem a não gostar deles; não vou, portanto, me dar ao trabalho de procurar exemplos, pois quero economizar um pouco do combustível da Máquina.
Mas acho que vou fazer o seguinte: vou tentar colocar alguns exemplos de cada período, mas somente na música vocal. Talvez assim seja mais divertido, mais interessante, e ainda nos dá motivo para, numa outra oportunidade, fazermos o mesmo com a música puramente instrumental. Gostou da ideia? Se não gostou, está na hora de ir embora daqui, porque é isso mesmo que eu vou fazer. Portanto, com vocês, o primeiro episódio da série Estilistas na fase oral:
Comecemos, então, pelo Renascimento, onde ocorreu uma explosão de música (e de quase tudo mais, como todo mundo sabe.), e onde encontramos inúmeras formas que até hoje fazem parte do vocabulário da música clássica: missas, motetos, madrigais, rondós, virelais, chanson, toccata, prelúdio, madrigal, allemande, courante, etc, etc, etc, etc, etc... Daria para se escrever um tratado de 20 volumes, cada um com 1.000 páginas, sobre a música deste período. Como eu não tenho nem tempo nem competência para destrinchar esse emaranhado de música, também nem vou tentar.
Às vezes eu acho que ser compositor durante aquela época devia ser mais ou menos como ser DJ hoje em dia:
Dezenas de compositores desta época são famosos até hoje: Johannes Ockeghen, Josquin des Prez, Thomas Tallis, Jacob Clemens, Orlando de Lassus, William Byrd, Giovanni Pierluigi da Palestrina, Henrich Isaac, John Dowland, Philippe Verdelot, Cristóbal de Morales, Alexander Agricola, John Taverner, etc, etc, etc, etc. Pena que, apesar de famosos, o repertório desses compositores acaba ficando restrito a uma platéia de especialistas (entre eles, muitos "fetichistas"), e a grande maioria (99,999999%) dos recitais, concertos e espetáculos a que assistimos aqui em Brasília geralmente se restringe ao período que vai do Barroco ao Romantismo, englobando apenas umas duas dúzias de compositores. É uma pena, pois há uma quantidade infinita de música espetacular renascentista (e também de outras épocas, claro).
Um dos meus "renascidos" favoritos é o Cristóbal de Morales, um dos mais dramáticos compositores do período. "Ouvejamos" os Introitus e Kyrie, da Missa pro defunctis:
Outro que adoro é o Clément Janequin, e que nem está na lista de famosos daí de cima. Vamos ouvir seu madrigal cubicularis, "Le Chant des oiseaux":
Essa próxima gravação abaixo é mais "profissional", mas eu acho que esta música costumava na verdade ser cantada como no vídeo daí de cima, pois era música para se fazer, e não música para simplesmente se ouvir. Aposto que todo mundo queria participar dessa piação, e também aposto que faziam competições para decidir quem conseguia uma interpretação mais "passarinhenta". Eu adoraria participar desse torneio! De qualquer maneira, outro vídeo da mesma canção:
A musica theatralis deixaremos de fora, por hora, pois falar música de teatro na Renascença é complicado. Claro que havia espetáculos de teatro onde a música podia estar presente; a commedia dell'arte, por exemplo, utilizava música, mas esta era tão improvisada quanto a encenação propriamente dita. Madrigais cubicularis podiam ser (e eram) utilizados, assim como o imenso repertório de canções tanto antigas (dos trovadores e outros) quanto contemporâneas (frotollas, canzonettas, etc), mas exatamente o que era essa música teatral, ninguém tem certeza.
Outras ocasiões também podiam exigir música específica, como era o caso de bailes de máscara, espetáculos de dança, desfiles cívicos, pastorais, porém toda essa música não pode ser considerada como theatralis. A musica theatralis propriamente dita é uma invenção mais tardia, que realmente só toma forma durante o Barroco, quando novas formas musicais (ópera, principalmente) aparecem e marcam realmente o início da música para teatro.
Porém não dá para passarmos pelo Renascimento e ouvirmos apenas dois exemplos; daria para se encher um Louvre só com a música daquela época, onde há uma infinidade de estilos para agradar a qualquer criatura. Vamos então a outros exemplos, já lá pelo final do período. Primeiro, um dos compositores mais "clássicos" que já existiram, considerado por séculos o Leonardo da música renascentista, e cuja obra é até hoje um dos pilares do equilíbrio sonoro e da perfeição técnica, o Giovanni Pierluigi da Palestrina. Este é o Kyrie de sua Missa Papae Marcelli:
E, no outro extremo, digamos assim, mais novo que Palestrina e já beirando o Barroco, temos um dos mais desequilibrados (no sentido de excessivo, estranho, maluquinho), Gesualdo da Verona, que também não está naquela lista lá de cima, aqui representando a musica cubicularis com seu madrigal "Io pur respiro in così grande dolore":
Ou, num estilo completamente diferente, John Dowland, que poderia fazer sucesso até hoje em qualquer karaokê se fosse apresentado num arranjo diferente:
Ó só como eu não estou mentindo! Parece música dos anos 70 (claro que o cabelinho e a flor no braço também ajudam a dar um clima flower power):
E agora que já vimos quase 0,00000000001% da música do Renascimento, vamos para o mais popular de todos os períodos, o Barroco. Hoje em dia é difícil encontrarmos quem não goste de Barroco, mas às vezes nos deparamos com alguns fetichistas resmungando pelos cantos: "Só gosto do Barroco italiano"; "Eu só gosto do Barroco francês"; "Eu só gosto do Barroco alemão"; "Eu só gosto de Giuseppe Torelli"; "Eu não suporto Vivaldi". Assim como é chique gostar de música do Renascimento, também é chique "no úrtimo" dizer que os compositores barrocos mais populares são piores que aqueles mais "esotéricos", menos conhecidos.
Uma exceção a essa regra é o nosso velho amigo Jotaésse Bach. Vai ser difícil você encontrar alguém, por mais chique que seja, dizer que não gosta dele. Como o Iôrran é unanimidade, não vamos falar dele aqui neste post. Nós já ouvimos tanto, mas tanto, Bach, que vai ser bom colocá-lo um pouco de escanteio e dar chance para outros "barroqueiros". Já ouvimos também bastante Monteverdi e Scarlatti, e hoje eles também descansarão.
Eles não farão tanta falta, pois, se no Renascimento já havia mais compositores do que gente, no Barroco a coisa ficou ainda mais complicada, pois os alemães também entram em cena. É estranho pensarmos em música clássica sem pensarmos nos alemães, que até então, estranhamente, eram totalmente desimportantes. Vamos aproveitar a deixa e começar o Barroco por um dos primeiros alemães "de classe", o responsável por adaptar para o gosto "bárbaro" alemão a melhor música italiana da época (Monteverdi, Gabrielli e Frescobaldi). Uma salva de palmas para Heinrich Schütz, representando a musica ecclesiastica, em Die sieben Worte Jesu Christi am Kreuz, SWV 478:
Original em latim e versão em inglês, pois não achei em português:
Dezenas de compositores desta época são famosos até hoje: Johannes Ockeghen, Josquin des Prez, Thomas Tallis, Jacob Clemens, Orlando de Lassus, William Byrd, Giovanni Pierluigi da Palestrina, Henrich Isaac, John Dowland, Philippe Verdelot, Cristóbal de Morales, Alexander Agricola, John Taverner, etc, etc, etc, etc. Pena que, apesar de famosos, o repertório desses compositores acaba ficando restrito a uma platéia de especialistas (entre eles, muitos "fetichistas"), e a grande maioria (99,999999%) dos recitais, concertos e espetáculos a que assistimos aqui em Brasília geralmente se restringe ao período que vai do Barroco ao Romantismo, englobando apenas umas duas dúzias de compositores. É uma pena, pois há uma quantidade infinita de música espetacular renascentista (e também de outras épocas, claro).
Um dos meus "renascidos" favoritos é o Cristóbal de Morales, um dos mais dramáticos compositores do período. "Ouvejamos" os Introitus e Kyrie, da Missa pro defunctis:
Outro que adoro é o Clément Janequin, e que nem está na lista de famosos daí de cima. Vamos ouvir seu madrigal cubicularis, "Le Chant des oiseaux":
(O texto, em francês e na versão em inglês, está AQUI. )
Essa próxima gravação abaixo é mais "profissional", mas eu acho que esta música costumava na verdade ser cantada como no vídeo daí de cima, pois era música para se fazer, e não música para simplesmente se ouvir. Aposto que todo mundo queria participar dessa piação, e também aposto que faziam competições para decidir quem conseguia uma interpretação mais "passarinhenta". Eu adoraria participar desse torneio! De qualquer maneira, outro vídeo da mesma canção:
A musica theatralis deixaremos de fora, por hora, pois falar música de teatro na Renascença é complicado. Claro que havia espetáculos de teatro onde a música podia estar presente; a commedia dell'arte, por exemplo, utilizava música, mas esta era tão improvisada quanto a encenação propriamente dita. Madrigais cubicularis podiam ser (e eram) utilizados, assim como o imenso repertório de canções tanto antigas (dos trovadores e outros) quanto contemporâneas (frotollas, canzonettas, etc), mas exatamente o que era essa música teatral, ninguém tem certeza.
Outras ocasiões também podiam exigir música específica, como era o caso de bailes de máscara, espetáculos de dança, desfiles cívicos, pastorais, porém toda essa música não pode ser considerada como theatralis. A musica theatralis propriamente dita é uma invenção mais tardia, que realmente só toma forma durante o Barroco, quando novas formas musicais (ópera, principalmente) aparecem e marcam realmente o início da música para teatro.
Porém não dá para passarmos pelo Renascimento e ouvirmos apenas dois exemplos; daria para se encher um Louvre só com a música daquela época, onde há uma infinidade de estilos para agradar a qualquer criatura. Vamos então a outros exemplos, já lá pelo final do período. Primeiro, um dos compositores mais "clássicos" que já existiram, considerado por séculos o Leonardo da música renascentista, e cuja obra é até hoje um dos pilares do equilíbrio sonoro e da perfeição técnica, o Giovanni Pierluigi da Palestrina. Este é o Kyrie de sua Missa Papae Marcelli:
(Espetacular!!!)
E, no outro extremo, digamos assim, mais novo que Palestrina e já beirando o Barroco, temos um dos mais desequilibrados (no sentido de excessivo, estranho, maluquinho), Gesualdo da Verona, que também não está naquela lista lá de cima, aqui representando a musica cubicularis com seu madrigal "Io pur respiro in così grande dolore":
(É quase o Wagner do Renascimento, com suas harmonias às vezes tão estranhas)
Ó só como eu não estou mentindo! Parece música dos anos 70 (claro que o cabelinho e a flor no braço também ajudam a dar um clima flower power):
E agora que já vimos quase 0,00000000001% da música do Renascimento, vamos para o mais popular de todos os períodos, o Barroco. Hoje em dia é difícil encontrarmos quem não goste de Barroco, mas às vezes nos deparamos com alguns fetichistas resmungando pelos cantos: "Só gosto do Barroco italiano"; "Eu só gosto do Barroco francês"; "Eu só gosto do Barroco alemão"; "Eu só gosto de Giuseppe Torelli"; "Eu não suporto Vivaldi". Assim como é chique gostar de música do Renascimento, também é chique "no úrtimo" dizer que os compositores barrocos mais populares são piores que aqueles mais "esotéricos", menos conhecidos.
Uma exceção a essa regra é o nosso velho amigo Jotaésse Bach. Vai ser difícil você encontrar alguém, por mais chique que seja, dizer que não gosta dele. Como o Iôrran é unanimidade, não vamos falar dele aqui neste post. Nós já ouvimos tanto, mas tanto, Bach, que vai ser bom colocá-lo um pouco de escanteio e dar chance para outros "barroqueiros". Já ouvimos também bastante Monteverdi e Scarlatti, e hoje eles também descansarão.
Eles não farão tanta falta, pois, se no Renascimento já havia mais compositores do que gente, no Barroco a coisa ficou ainda mais complicada, pois os alemães também entram em cena. É estranho pensarmos em música clássica sem pensarmos nos alemães, que até então, estranhamente, eram totalmente desimportantes. Vamos aproveitar a deixa e começar o Barroco por um dos primeiros alemães "de classe", o responsável por adaptar para o gosto "bárbaro" alemão a melhor música italiana da época (Monteverdi, Gabrielli e Frescobaldi). Uma salva de palmas para Heinrich Schütz, representando a musica ecclesiastica, em Die sieben Worte Jesu Christi am Kreuz, SWV 478:
Original em latim e versão em inglês, pois não achei em português:
1. Introitus
Da Jesus an dem Kreuze stund und ihm sein Leichnam war verwund’t sogar mit bitterm Schmerzen, die sieben Wort, die Jesus sprach, betracht in deinem Herzen. |
1.
Introduction
While Jesus was on the Cross and his body was wounded with bitter pains, contemplate in your heart the seven words that Jesus spoke. |
2. Symphonia
|
2. Symphonia
|
3. Evangelist - A
Und es war um die dritte Stunde, da sie Jesum kreuzigten. Er aber sprach: |
3. Evangelist
– A
And it was around the third hour, when they crucified Jesus. He said, however: |
4. Jesus
Vater, vergieb ihnen; denn sie wissen nicht, was sie tun! |
4. Jesus
Father, forgive them; for they know not what they do! |
5. Evangelist
- T
Es stand aber bei dem Kreuze Jesu seine Mutter und seiner Mutter Schwester, Maria, Cleophas Weib, und Maria Magdalena. Da nun Jesus seine Mutter sahe und den Jünger dabei stehen, den er lieb hatte, sprach er zu seine Mutter: |
5. Evangelist
– T
However there stood by Jesus' Cross His mother and His mother's sister, Mary, the wife of Cleophas, and Mary Magdalene. Now when Jesus saw His mother and the disciple standing near, whom He loved, He said to His mother: |
6. Jesus
Weib, siehe, das ist dein Sohn! |
6. Jesus
Woman, behold, this is your son! |
7. Evangelist
- T
Darnach spricht er zu dem Jünger: |
7. Evangelist
– T
Afterwards He said to the disciple: |
8. Jesus
Johannes, siehe, das ist deine Mutter! |
8. Jesus
John, behold, this is your mother! |
9. Evangelist
- T
Und von Stund an nahm sie der Jünger zu sich. |
9. Evangelist
– T
And from that hour the disciple took her to himself. |
10.
Evangelist - S
Aber der Übeltäter einer, die da gehenkt waren, lästert’ ihn und sprach: |
10.
Evangelist – S
But one of the criminals who were hanging there cursed at Him and said: |
11. Schächer
zur Linken
Bist du Christus, so hilf dir selbst und uns! |
11. Thief on
the Left
If You are the Christ, then help Yourself and us! |
12.
Evangelist - S
Da antwortete der ander, strafte ihn und sprach: |
12.
Evangelist – S
Then the other answering, scolded him and said: |
13. Schächer
zur Rechten
Und du fürchtest dich auch nicht vor Gott, der du doch in gleicher Verdammnis bist ? Und zwar wir sind billig darinnen, denn wir emfangen, was unsre Taten wert sind; dieser aber hat nichts Ungerechtes gehandelt. |
13. Thief on
the Right
So you do not fear God, even though you are in such condemnation? And indeed we are justly here, for we know that our deeds have earned it; but this person has done nothing unjust. |
14.
Evangelist - S
Und sprach zu Jesu: |
14.
Evangelist – S
And he said to Jesus: |
15. Schächer
zur Rechten
Herr gedenke an mich, wenn du in dein Reich kommst ! |
15. Thief on
the Right
Lord, think of me when You come into Your Kingdom! |
16.
Evangelist – S
Und Jesus sprach: |
16.
Evangelist – S
And Jesus said: |
17. Jesus
Wahrlich ich sage dir: Heute wirst du mit mir im Paradies sein. |
17. Jesus
Truly I say to you: today you will be with me in Paradise. |
18.
Evangelist
Und um die neunte Stunde schrie Jesus laut und sprach: |
18.
Evangelist
And at the ninth hour Jesus cried aloud and said: |
19. Jesus
Eli, Eli, lama asabthani? |
19. Jesus
Eli, Eli, lama asabthani? |
20. Evangelist
Das ist verdolmetschet: |
20.
Evangelist
That is translated as: |
21. Jesus
Mein Gott, mein Gott, warum hast du mich verlassen? |
21. Jesus
My God, my God, why have you forsaken Me? |
22.
Evangelist - A
Darnach als Jesus wußte, daß schon alles vollbracht war, daß die Schrift erfüllet würde, sprach er: |
22.
Evangelist – A
Afterwards, when Jesus knew that everything was already accomplished, so that the Scripture might be fulfilled, He said: |
23. Jesus
Mich dürstet! |
23. Jesus
I thirst! |
24. Evangelist - T
Und einer von den Kriegesknechten lief bald hin, nahm einen Schwamm und füllte ihn mit Essig und Ysopen und steckte ihn auf ein Rohr und hielt ihn dar zum Munde und tränkte ihn. Da nun Jesus den Essig genommen hatte, sprach er: |
24.
Evangelist
And one of the soldiers ran quickly, took a sponge and filled it with vinegar and hyssop, placed it on a reed and held it directly to His mouth to quench Him. Now when Jesus had taken the vinegar, He said: |
25. Jesus
Es ist vollbracht! |
25. Jesus
It is finished! |
26.
Evangelist - T
Und abermal rief Jesus laut und sprach: |
26.
Evangelist – T
And also Jesus cried aloud and said: |
27. Jesus
Vater, ich befehle meinen Geist in deine Hände! |
27. Jesus
Father, I commit My spirit into Your Hands! |
28.
Evangelist
Und als er das gesagt hatte, neiget er das Haupt und gab seinen Geist auf. |
28.
Evangelist
And as He said this, He bowed His head and gave up His spirit. |
29. Symphonia
|
29. Symphonia
|
30. Conclusio
Wer Gottes Marter in Ehren hat und oft gedenkt der sieben Wort, des will Gott gar eben pflegen, wohl hie auf Erd mit seiner Gnad, und dort in dem ewigen Leben. |
30.
Conclusion
Whoever honors God’s martyrdom and often considers the Seven Words will certainly serve God, here on earth through His Grace, and there in the everlasting life. |
Eu disse que daria descanso para o Scarlatti, mas não expliquei qual deles. Daremos descanso para o Domenico e iremos ouvir um pouquinho da música de seu pai, Alessandro, com o Kyrie e Gloria da Missa de Santa Cecília, numa gravação da Camerata Antiqua de Curitiba (aliás, cada vez me convenço mais de que Brasília, em se tratando de música clássica, está ficando boa para se ir a restaurantes):
Para quem tiver gostado desse "novo" Scarlatti, sugiro ouvir também seu Stabat Mater. "Chega-dói" de tão lindo:
Como o vídeo não tem legenda, aqui vai o texto do hino Stabat mater dolorosa:
Stabat mater dolorosa
juxta Crucem
lacrimosa,
dum pendebat Filius.
Cuius animam
gementem,
contristatam et
dolentem
pertransivit gladius.
O quam tristis et
afflicta
fuit illa benedicta,
mater Unigeniti!
Quae mœrebat et
dolebat,
pia Mater, dum
videbat
nati pœnas inclyti.
Quis est homo qui non
fleret,
matrem Christi si
videret
in tanto supplicio?
Quis non posset
contristari
Christi Matrem
contemplari
dolentem cum Filio?
Pro peccatis suæ
gentis
vidit Iesum in tormentis,
et flagellis subditum.
Vidit suum dulcem
Natum
moriendo desolatum,
dum emisit spiritum.
Eia, Mater, fons
amoris
me sentire vim doloris
fac, ut tecum lugeam.
Fac, ut ardeat cor meum
in amando Christum Deum
ut sibi complaceam.
Sancta Mater, istud
agas,
crucifixi fige plagas
cordi meo valide.
Tui Nati vulnerati,
tam dignati pro me
pati,
pœnas mecum divide.
Fac me tecum pie
flere,
crucifixo condolere,
donec ego vixero.
Juxta Crucem tecum
stare,
et me tibi sociare
in planctu desidero.
Virgo virginum
præclara,
mihi iam non sis
amara,
fac me tecum plangere.
Fac, ut portem
Christi mortem,
passionis fac
consortem,
et plagas recolere.
Fac me plagis
vulnerari,
fac me Cruce
inebriari,
et cruore Filii.
Flammis ne urar succensus,
per te, Virgo, sim
defensus
in die iudicii.
Christe, cum sit hinc
exire,
da per Matrem me
venire
ad palmam victoriæ.
Quando corpus
morietur,
fac, ut animæ donetur
paradisi gloria. Amen.
Mas não é possível pensarmos em Stabat Mater sem pensarmos num outro exemplo deslubrante, já do finalzinho do Barroco, de outro italiano, Giovanni Battista Pergolesi. Não é tão homogeneamente lindo quanto o do Scarlatti, mas seu primeiro trecho (entre outros), "Stabat mater dolorosa", é espetacular. Não é nenhum tesouro enterrado e recém-descoberto, e sim umas das "músicas populares" da "música clássica". Esta é uma das gravações mais excepcionais que já ouvi dessa peça, com uma soprano e um contratenor absolutamente fabulosos! Na próxima encarnação eu quero voltar como qualquer um deles! E se alguém quiser me dar esta gravação de presente, eu aceito!:
Interromperemos a programação de hoje porque preciso ficar o resto da semana só ouvindo Pergolesi e D. Scarlatti.
Depois tem mais, pessoal!
Nenhum comentário:
Postar um comentário