terça-feira, 11 de março de 2014

P.S do Ziriguidum

Tive que voltar ao assunto daquele post, pois havia me esquecido de algo que não poderia ter faltado, os lundus, um dos ritmos trazidos de Angola e que, junto com outros, tanto importados quanto criados aqui, deu origem ao nosso samba. O Mário de Andrade, além de escritor, também entendia muito sobre música (até escreveu a primeira história da música brasileira de que tenho notícia - Pequena História da Música Brasileira - além de vários outros livros sobre música), e em 1938 realizou um grande expedição para coletar material folclórico  do Norte e do Nordeste. Vamos ouvir, então, um dos lundus recolhidos por Mário, meu mais novo amigo, numa gravação, obviamente, recente:


Descobri que só recentemente todo este material - que  esteve guardado por quase 80 anos - foi finalmente analisado, separado, catalogado, e, surpresa!!!, lançado pelo SESC-SP, numa coleção de 7 CDs! Estou DOIDO ALUCINADO para comprá-la!

Se alguém quiser adquirir a coleção (aproveite e compre dois exemplares!), o link é este AQUI!

O Villa-Lobos, como não podia deixar de ser - já que ele também vivia viajando para recolher música folclórica e indígena - escreveu ao menos um lundu - só conheço este mesmo - o Lundu da Marquesa de Santos:

Minha flôr idolatrada
Tudo em mim é negro e triste
Vive minh'alma arrasada Ó Titilha
Desde o dia em que partiste
Este castigo tremendo
já minh'alma não resiste, Ah!
Eu vou morrendo, morrendo
Desde o dia em que partiste

Tudo em mim é negro e triste
Vive minh'alma arrasada, Ó Titilha!
Desde o dia em que partiste
Tudo em mim é negro e triste
Este castigo tremendo, tremendo.

Minha flôr idolatrada
Tudo em mim é negro e triste
Vive minh'alma arrasada Ó Titilha
Desde o dia em que partiste
Este castigo tremendo
já minh'alma não resiste, Ah!
Eu vou morrendo, morrendo
Desde o dia em que partiste
Ó titilha

Aqui vai  a versão para orquestra (até onde eu saiba, o original é para piano e voz):


E uma versão para violão, que eu prefiro à essa daí de cima:


A gravação mais interessante que encontrei é, por incrível que pareça, Argentina:


As cantoras e cantores brasileiros têm a mania - errada, na minha opinião - de achar que estão cantando Verdi. Ó só:



Pausa para Crítica

poema que eu coloquei lá em cima foi retirado desse vídeo que acabamos de ouvir, e eu o coloquei (o poema) com erro mesmo, de propósito. Depois o povo acha que eu sou muito chato quando reclamo da falta de cuidado ao se realizar as coisas por aqui. O refrão "Ó Titilha" (que aparece também como "ó titilha" lá em cima) na verdade é "Ó, Titília", o tratamento carinhoso dado a Domitila de Castro Canto e Melo - a Marquesa de Santos. Nem para transcrever o texto direito tiveram cuidado... E depois reclamam da qualidade da educação no Brasil... A culpa, pelo visto, é sempre dos outros!

Fim da Pausa


Enfim... essa gravação daqui de baixo pelo menos é interpretada por um homem, o que faz muito mais sentido, já que é um canção de D. Pedro para a Marquesa de Santos, umas das três músicas compostas por Villa-Lobos para a peça teatral A Marquesa de Santos, de Viriato Corrêa:


Mais uma gravação "verdiana" para o lundu, esta recém-saída do forno (2012), por obra e graça de professores do Departamento de Música da Unb:



2ª Pausa para Crítica

Uma das coisas que "adoro" nessa gravação made in Brasília é o "respeito absoluto" pela pianista! Ela aparece no vídeo pelo tempo "enormemente gigantesco" de 22 segundos. Eu contei! Pode ouvir de novo, se quiser tirar a prova. Ela aparece no vídeo entre as marcas de 2:23 e 2:45, e, mesmo assim, como figurante... Além de faltar educação também falta educação, por parte de quem quer que tenha sido o responsável pelo vídeo: aluno da cantora? marido da cantora? cinegrafista(???) contratado para o evento? alguém da platéia?

Cada dia que passa eu faço mais inimigos aqui em Brasília. Ou melhor, faria, se alguém lesse este blog, além dos meus 3,5 leitores de sempre. Ainda bem que eu já passei da fase de me importar muito com isso...

Fim da 2ª  Pausa


E agora eu me cansei de cantores "villa-lobísticos-verdianos" e nem vou colocar mais outro vídeo, como tinha planejado. Grrrrrrrrrr-au-au!

Para terminarmos por hoje: se alguém tiver curiosidade em saber quais são as outras músicas do Villa para A Marquesa de Santos, elas são: Gavotta-Choro, que já ouvimos neste post, mas que vai de novo aqui:

(Por falar em "a qualidade da educação", gostou da minha frase com três ":" daí de cima?)


E a terceira é a Valsinha Brasileira, da qual só encontrei um versão para banda sinfônica. Em todo caso, aqui vai ela:


E chega, pois este PeÉsse já está grande demais, e eu já perdi a paciência... Até a próxima, e

Au-Au!

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