Aimeudeus... Algumas pessoas (uma) vieram me dizer (reclamar?) que minha definição de canto gregoriano é muito genérica. Tá bom, eu concordo, mas eu não queria complicar ainda mais um assunto que já é muito complicado. Mas vou tentar explicar:
Existe muita confusão sobre o que é realmente canto gregoriano. Alguns consideram como gregoriano autêntico aquele composto e utilizado originalmente apenas pela igreja católica em Roma. Outros consideram como autêntico aquele repertório que foi compilado pelos francos na época de Pepino, o Breve e Carlos Magno, que tentaram estabilizar e unificar o canto da igreja em seu Império.
O quanto desse canto levado de Roma, porém, pode ser considerado "autêntico", ninguém tem certeza absoluta, e especialistas saem aos tapas para provar seus pontos de vista; nem os francos daquela época tinham certeza da autenticidade da música que vinha de Roma, pois reclamavam que o Vaticano mandava cantores instruídos a ensinar um canto diferente, de propósito, para não acabar com a exclusividade de Roma...
O quanto desse canto levado de Roma, porém, pode ser considerado "autêntico", ninguém tem certeza absoluta, e especialistas saem aos tapas para provar seus pontos de vista; nem os francos daquela época tinham certeza da autenticidade da música que vinha de Roma, pois reclamavam que o Vaticano mandava cantores instruídos a ensinar um canto diferente, de propósito, para não acabar com a exclusividade de Roma...
Também pode ser considerado gregoriano autêntico apenas aquele repertório mais ou menos estável já nos séculos VIII e XIX (ou V e VI, ou IV a VII, ou qualquer combinação que apeteça ao musicólogo em questão), que corresponde às primeiras tentativas de unificação pelos francos, e menos autêntico todo o repertório monofônico composto após essa época, pelos próprios francos (e é um repertório ENORME!)
Outros consideram como autêntico o repertório coletado principalmente pelos monges de Solesmes, os grandes responsáveis por nossa maneira de executar o gregoriano (o que quer que ele seja). Aliás, se o gregoriano já é difícil de definir (não me diga!), é melhor nem entrarmos na questão de sua execução... A maneira de o executarmos atualmente é obra e graça desses mesmos monges, sendo que a forma "correta" de cantá-lo pode render anos e anos de discussões (e mais tapas!), já que não temos gravações do período (dãããã). Mesmo que tivéssemos, duvido (não só eu, claro!) que todas as igrejas que adotavam o gregoriano conseguissem cantar sempre tudo igual.
Para aumentar a bagunça, a música autêntica e antiga da Igreja Católica não é necessariamente romana, existindo repertórios completamente diferentes, como por exemplo os Moçárabe e Ambrosiano, usados respectivamente na região de Toledo, na Espanha, e Milão, na Itália (mas esses não são gregorianos mesmo, apesar de serem também católicos).
Portanto, dando o braço a torcer às inúmeras pessoas (uma) que fizeram a observação (reclamação?), confesso: errei! Essa música tem um nome técnico muito específico, cantochão, que pode ser definido, grosso modo, como o canto cristão monofônico, independentemente da origem gregoriana, ambrosiana, moçárabe (etc), do século IV, V, VI (etc), da França, da Itália (etc), de mosteiros ou de igrejas (etc).
Só para colocar musiquinha no post, aqui estão alguns exemplos de cantochão:
Moçárabe:
Ambrosiano:
Gregoriano (romano!):
Prometo que, daqui para a frente, utilizarei o termo cantochão - a não ser que eu me esqueça!
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